Disclosure: neste artigo vais ler sobre auto-estima, voz critica interna, sensação de não ser suficiente, mas também vais encontrar palavras como mamas, amamentação e leite adaptado. Sorry.
Um dos sentimentos mais comuns associados a uma baixa auto-estima é a sensação de não se ser suficiente.
Não ser suficientemente boa amiga, dona de casa, profissional, aluna, mãe, filha… Esta sensação pode surgir inconscientemente quase como uma voz chata que nos sussurra ao ouvido sem darmos por ela, ou então despoletada por algum acontecimento externo que abale a nossa segurança, auto-confiança e consequentemente a auto-estima.
Apesar de trabalhar este tema, durante muitos anos tive uma auto-estima baixa e dificuldade em cultivar o seu equilíbrio. Foi isso que me inspirou a criar a Audaz e a trabalhar todos os dias para o equilíbrio da minha auto-estima e de mais mulheres.
Mas sou um ser humano e nem sempre consigo manter o mesmo equilíbrio da minha auto-estima. O primeiro mês após o nascimento do meu filho mais novo, foi um grande abanão e houve um momento em que a voz chata do “não és suficiente” entrou na minha cabeça mais do que gostaria.
Após doze dias do nascimento do petiz, internado no hospital, ele ainda não tinha recuperado o peso com que tinha nascido. Fui questionada inúmeras vezes, por vários profissionais de saúde se tinha leite, se ele mamava, se sentia as mamas cheias, se ele ficava satisfeito. Eu achava que sim, mas infelizmente as mamas não têm um medidor e é impossível quantificar a quantidade de leite produzida e consumida por um bebé. Dois dias depois, fui forçada a aceitar a introdução de suplementação com leite adaptado ao meu bebé. E a voz chata desatou aos berros dentro da minha cabeça: “não és suficiente.”
Apesar de não adorar amamentar, de não ser uma coisa que me dê prazer ou que ache maravilhosa, estava consciente que dada a minha atual situação profissional poderia ter de recorrer a leite adaptado mais cedo do que do primeiro filho.
Contudo, não estava preparada para a realidade de espetarem um biberão com leite feito de sabe-se lá o quê pelos queixos do meu recém-nascido abaixo. Por muito racional que todo o exercício fosse: ele não estar a ganhar peso, ele precisar de ganhar peso, logo tem de ser feito algo nesse sentido pela saúde dele, naquele momento eu senti-me a pior mãe do mundo. Estava preparada para a introdução do leite adaptado, mas quando eu decidisse e quisesse e não por me ser imposto. E naquele momento, a imposição médica veio. A preocupação é o filho e não a mãe, portanto siga! Ninguém está preocupado, com o abalo que um biberão de leite adaptado dá à auto-estima de uma mulher que está naturalmente fragilizada.
Biologicamente estamos programadas para sermos nós, as mães, a alimentar as crias. Somos bombardeadas com os benefícios do leite materno durante o curso de preparação para o parto, nas primeiras horas após o bebé nascer, nas farmácias, centros de saúde, até nas latas do leite adaptado vêm chavões a falar da importância do leite materno e que as mães o devem privilegiar. E ser confrontada com a realidade de não conseguir ser suficiente para alimentar o meu filho, rotulada como mãe com hipogalactia (incapaz de produzir leite) fez-me sentir avariada, insuficiente e incapaz. Durante dias isto andou em loop na minha cabeça, no meu corpo e claro as coisas ainda corriam pior.
Então o que fazer para me sentir suficiente?
Até ao momento em que decidi parar e olhar de fora. Olhar para mim como se fosse a minha melhor amiga e conversar carinhosa e amigavelmente comigo. O que faz de mim uma boa mãe e uma mãe suficiente é estar bem e em equilíbrio, conseguir passar calma, tranquilidade e criar um ambiente harmonioso para o bebé estar. É estar de cabeça limpa para apreciar cada momento. É estar de corpo e alma. Amar incondicionalmente aquele pequeno ser e isso é muito mais do leite que possa sair das minhas mamas.
Quando consegui sossegar e dizer a mim própria: “Sou suficiente, sim!” Tudo começou a correr melhor.
Mas foi preciso mudar o chip. Foi preciso enfrentar a voz irritante e maldosa. Foi preciso aceitar o que não podia mudar e valorizar o que podia fazer. Parar com comparações, julgamentos e ideias pré concebidas. Foi preciso sossegar e serenar os pensamentos inquietos que não paravam de saltitar na minha cabeça.
O melhor que posso fazer por mim e pelos que me rodeiam é gostar de mim, valorizar-me, mimar-me apesar de todas as “avarias” que possam surgir. Sabes porquê? Porque independentemente da situação a enfrentar ou do papel a desempenhar, sou suficiente e tu também!
Um beijo,
Mónica Duarte Ferreira
Coach
monica diz
Querida Carla, só agora vi este teu comentário que ficou soterrado no meio de algum spam… Desculpa. Obrigada pela tua partilha e pela força! Foi bom ter estado contigo, mesmo que só um bocadinho! Beijo enorme
monica diz
Obrigada Isabel! Tão bom ler o teu comentário,ainda que um bocado fora de tempo! É um verdadeiro malabarismo a duas mãos, mas quando se corre por gosto não cansa! Beijo enorme