Hoje o meu filho faz cinco anos e das imensas coisas que tenho aprendido ao longo deste tempo enquanto mãe, uma delas é lidar com a frustração.
Detesto falhar, detesto saber que este post está para ser publicado desde segunda-feira e só hoje o consegui fazer.
Mas ao longo dos últimos anos, aprendi a aceitar que os imprevistos acontecem, que nem sempre o plano é seguido à risca, que a flexibilidade e a adaptação constantes são essenciais e que posso e devo perdoar-me.
E é sobre isso que vos quero falar um pouco. Sobre esta frustração das coisas não correrem exatamente como idealizámos.
Das coisas mais difíceis numa sessão de Coaching é lidar com a frustração de um coachee quando não consegue cumprir o plano. Para a maioria das pessoas, traçar um plano é fácil. Acabaram de definir concretamente um objetivo, sabem para onde querem ir, portanto desenhar o caminho é fácil. O que é difícil é fazer o caminho, porquê? Porque o nosso cérebro é matreiro e muitas vezes prega-nos partidas para nos proteger. Porque há imprevistos que surgem que não tínhamos contemplado no plano. Porque há dias em que a motivação desaparece. Porque há necessidade de adequar o plano. Porque bloqueamos. Porque paramos perdidos sem saber para onde ir.
Quando isso acontece surgem uma série de sentimentos à mistura nomeadamente frustração, culpa, vergonha, medo, insegurança… E facilmente se entra num ciclo vicioso de auto-flagelo, auto-comiseração, auto-boicote que nos petrifica perante o plano e o objetivo.
Como é que podemos então lidar com esta frustração, culpa, medo, vergonha, insegurança? Primeiro de tudo aceitar a nossa condição como seres humanos e o facto de “falhar” como algo natural e possível de aprendizagem e não como uma sentença que nos foi dada para o resto da vida. Se aceitarmos isso, nos desculparmos a nós próprios acabamos por sair daquele ciclo vicioso e isso abre-nos a porta para enfrentar os medos, as inseguranças e ir em frente.
Sei que quando estabelecemos um objectivo aquilo que tendencialmente mais queremos é chegar a esse objetivo. O ideal neste mundo seria: estabelecer o objetivo, traçar o plano, metê-lo debaixo da almofada, dormir oito horas tranquilos e quando acordássemos o objectivo estar concretizado. Já imaginaram? Quero pesar 50 kg, para isso preciso de perder 20kg, o que significa que tenho de seguir um plano alimentar, mudar hábitos de alimentação e fazer exercício. Colocávamos a folha com isso escrito debaixo da almofada e no dia seguinte acordávamos com o peso pretendido. Era espetacular não era?
Não. Claro que não era.
Como podíamos nós aprender com o caminho se as coisas fossem assim?
São as dificuldades que se enfrentam, os obstáculos que se ultrapassam que constroem quem somos, que fazem a nossa história. São os grandes ou pequenos desafios que se conseguem superar a cada dia, hora e minuto que vão fazer a diferença na mudança que ocorre cá dentro.
Por isso da próxima vez que sentires que falhaste, experimenta aceitar isso como parte do caminho, mas não como o teu caminho. Podes sempre fazer diferente agora! Podes ajustar, melhorar. E neste processo lembra-te sempre de te tratares com carinho e amor, está bem? Tu mereces!
Ana Maria Santos Fantasia diz
Adorei o texto.
Nem imagina o quanto me sinto identificada com cada palavra.
Sheila Sobral diz
Gostei! Aprender a lidar com a frustração também é algo que se torna mto presente qdo somos mães e não conseguimos fazer as vinte mil coisas que antes faziamos e que continuamos a querer fazer! Aceitar e olhar para a frente não é fácil, mas é sem duvida o acertado! Obrigada pela partilha!